13 de setembro de 2013

Tudo pode acontecer

Pediram-me para escrever uma história de amor, mas vou me reservar a falar sobre as reviravoltas que o mundo dá. Até porque, há muito do amor nisso; é preciso muito mais que maturidade e discernimento para compreender que as coisas nem sempre acontecem conforme a nossa vontade.
Dizem que ao sairmos de uma tempestade enxergamos o mundo com mais clareza. É verdade. É como se deixássemos de ser apenas personagens e passássemos a ser também expectadores da nossa própria existência.
O nosso olhar toma maiores proporções e tudo o que antes parecia confuso e descabido, ao ser olhado por todos os ângulos, passa a fazer sentido. Foi assim comigo e acredito que seja com o mundo inteiro.
Tenho aprendido muito nesses últimos meses, principalmente a saber esperar; a dar tempo ao tempo. Aprendi que há momentos em que precisamos cruzar os braços e deixar que a vida tome as suas próprias direções.
Aprendi a confiar na máxima de que “o que tiver que ser, será!”
Não é fácil, para quem está acostumada a matar um leão por dia, reconhecer que não se tem o controle sobre tudo. Nem mesmo sobre a própria vida. E foi neste momento, quando me senti mais frágil e vulnerável, que aprendi a confiar; aprendi a acreditar que não há nada que eu queira, que eu não possa conseguir. Acho que é isso que as pessoas chamam de FÉ. E se for, posso dizer que me descobri como uma pessoa de muita fé! O suficiente para transformar o que antes era impossível em uma nova possibilidade; a única e a última esperança!
E, exatamente como costuma acontecer na ficção, no último instante, quando todas as esperanças e tentativas já estavam esgotadas, a vida se refaz em forma de milagre. E onde antes só se via tempestos tons de cinza, hoje só existe cor, luz e felicidade.
É possível que uma parte de vocês ainda não consigam me compreender. Infelizmente, este é o tipo de experiência que só se reconhece ao sentir na própria pele. Para aqueles que já estiveram na escuridão e que, mesmo no breu, confiaram na existência da luz, ofereço o meu respeito e a minha admiração.
E para vocês, que por ventura encontram-se perdidos no meio deste turbilhão de impossibilidades, desejo que descubram em si mesmos a mesma fé que descobri em mim. Acredite, ela está aí! Talvez precisando apenas de um bom motivo para existir.
Há uma razão para dizerem que “após a tempestade SEMPRE existirá a bonança”.
E mais...
...acreditem em mim quando eu disser que TUDO PODE ACONTECER.


12 de maio de 2013

Para sempre voltar



− Eu sei que tem sido difícil para você... As coisas também não andam nada fáceis para mim! Mas não estou aqui para te julgar. Conheço suas razões e não posso tirá-las de você.
− Eu juro que dei o melhor de mim! – sussurrou entre suas lágrimas.
− Eu sei... aliás, tenho certeza disso! Não sei se você tem a mesma impressão, mas a nossa história não acaba aqui. Escreva isso aí, ela não acaba agora, não acaba aqui!
Ela tentou balbuciar alguma coisa, mas a dor que se instalava em seu peito calou a sua voz.
Essas foram as últimas palavras que ele disse antes de fechar aquela porta. Depois disso foi embora de um jeito suave, como se prometesse (em silêncio) voltar. Enquanto cruzava o caminho da sala de estar, controlava-se para não olhar para trás e ver as lágrimas que escorriam pelo rosto da única mulher que amou na vida. Vê-la chorar seria o bastante para fazê-lo desistir de tudo.
Desceu as escadas e caminhou direto para casa. Enquanto andava por aquelas ruas vazias, relembrava os últimos meses de sua vida. Pensou em como era possível as coisas mudarem tão de repente. Clara tinha sido como uma mágica em sua vida. Desde o dia em que a conheceu soube que havia encontrado algo raro. Demorou um pouco para admitir, mas sim, aquilo era amor. Ele não era exatamente o último romântico, mas desejava em seu íntimo poder amar e ser amado. Desde então, Clara passou a ser essa oportunidade. Mais que isso, passou a ser a pessoa com quem ele resolveu dividir a sua vida.
É muito fácil imaginar uma vida ao seu lado. Ela é uma mulher incrível; meiga, sensível, carismática, um tanto quanto desconfiada, mas muito apaixonante. E como se não fosse o suficiente é dona de um jeito de menina e de um sorriso que desarmam qualquer um. À primeira vista ela exibe uma discreta fragilidade, mas não, ela é exatamente o oposto. É forte, é guerreira, é daquelas que não desistem nunca, que lutam até o fim.
Pedro conhecia o que carregava em seu coração. Tinha certeza dos seus sentimentos e dos dela também. Sabia que aquela história não tinha sido em vão e talvez esse fosse o motivo de acreditar que aquele não era o final.
Ela tinha uma regra básica: não se abrir a ninguém. Tudo vinha dando certo até a chegada de Pedro. A princípio pensou que aquilo que os unira seria passageiro, assim como as suas outras experiências. Felizmente ele havia vindo para ficar. Pedro era um tipão tranquilo e despreocupado, mas carregava em seus ombros a responsabilidade de ser um exemplo. Há alguns anos assumira este dever e trabalhava duro, dia-a-dia, para isso acontecesse.
Com o passar do tempo ele se tornou uma espécie de resgate. Assumiu o compromisso de trazer de volta tudo o que ela havia perdido e assim o fez. Ele a devolveu a fé que tinha nas pessoas e vontade de confiar acima de qualquer circunstância. Pedro a tirou da escuridão e a trouxe de volta à luz. Muito mais que isso, ele a fez feliz, feliz de verdade.
− Estranho pensar como as coisas podem se perder assim... será que tudo o que vivemos foi em vão?!
− Nada é por acaso, Clara! Nada!
− Nós nos amamos, não é justo que fiquemos separados.
− Eu sei... eu também não queria que as coisas fossem assim, mas acho que nós dois precisamos disso.
− E se a gente terminar mesmo, como vai ser?! Você vai seguir a sua vida, conhecer outras pessoas, namorar outras mulheres... e aí, o que vai sobrar de nós?
− Eu não estou pensando nisso agora... não estou pensando em outras mulheres porque não existe mais ninguém para mim além de você. Eu não quero outra mulher, não quero outra namorada. Eu quero você e é você que sempre vou querer!
− Não acho justo passarmos por isso!
− E não é mesmo! Olha, Clara, você foi a única pessoa que me fez feliz de verdade... a única pessoa com quem eu desejei, ou melhor, desejo passar o resto dos meus dias! Mas há tempos que não te vejo sorrir! Não esse sorriso que você coloca no rosto de vez em quando, para não parecer muito sofrida. Falo daquele outro que me fez apaixonar por você. Não quero que você o perca e não quero ser o responsável por isso!
Ela ficou calada, amargurada.
− Sei que estávamos esperando por um milagre! Infelizmente não nos resta outra alternativa no momento... vamos então usar o tempo a nosso favor! Vamos esperar que as coisas se resolvam.
− Esperar... esperar até quando, Pedro?!
− Esperar até o dia que seremos só nós dois. Nós dois e o futuro que planejamos juntos! Deus sabe, meu amor, o quanto eu quis que esse momento não chegasse. Mas há coisas que se tornam inevitáveis, você sabe disso melhor que ninguém.
− Sei...
− Então, meu amor! Vamos esperar... esperar e buscar compreender o sentido de tudo isso! Tenho certeza que vamos reencontrar tudo o que um dia nos uniu! Não duvide do amor que sinto por você. E é por te amar demais que resolvi concordar com a sua decisão e me ausentar... só Deus sabe o medo que tenho de não fazer falta para você, mas precisamos disso... você precisa saber se é mesmo ao meu lado que quer ficar!
Se abraçaram por alguns minutos e choraram juntos a dor de interromper aquela história.
− Promete que será por pouco tempo?
− Não, não posso prometer isso... não tenho como saber! Mas prometo que estarei aqui sempre que você precisar!
E de tudo, ficou a certeza de que nada acontece por acaso.
Uma vez que é vosso propósito contrair o santo Matrimônio, uni as mãos direitas e manifestai o vosso consentimento na presença de Deus e da sua Igreja.
Eles deram as mãos e, de mãos dadas, deram o primeiro passo em direção ao resto de suas vidas.
Eu Pedro, recebo-te, Clara, por minha esposa e a ti prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias de nossas vida.

22 de abril de 2013


O desafio de nos mantermos perseverantes é árduo. Continuar, insistir, custa; e custa caro na maioria das vezes.
Desistir é muito mais fácil, mais cômodo, porém carrega cosigo consequências drásticas.
Ainda pior que se abrigar em algo inconcluso, é fazê-lo sem perceber.
Essa sim é perigosa, a renúncia velada. Renunciamos ao que queremos com a sensação de ainda estarmos lutando.
Perder uma batalha vez ou outra faz parte da vida. Mas quando somos nós que estamos em jogo, a negligência não se torna uma de nossas opções. Muitas pessoas podem determinar o nosso destino, mas somente nós mesmo somos capazes de defini-lo.
É por isso que, com o tempo, entregarmos os pontos nos impede de vencer.
 Por que?
Simples. Somos capazes de nos acostumarmos com tudo; com a perda, a derrota, a desistência. E porque nos acostumamos, acabamos por abrir mão do que nos é caro.
Espero e busco ter a sensibilidade de perceber a vida. Não quero correr o risco de que a pressa, que envolve o meu cotidiano, leve a minha capacidade de saborear cada momento como se deve.
Apesar de tudo, ainda resta o medo de dar à minha alma o tratamento que ela não merece.

4 de abril de 2013


− Não perguntei se você gostaria que eu ficasse, apenas vou ficar por aqui e pronto! – disse Luis sem ser questionado.
− E não adianta me olhar torto, muito menos fazer cara feia.
− Não estou fazendo cara feia! Eu só acho que você não precis...
− Certo! Sei também que não precisa. Na verdade você nunca precisa, de nada nem de ninguém! Para você é suficiente ficar sentada nesse sofá remoendo os seus problemas pessoais e a sua solidão.
Beatriz recostou no sofá como quem houvesse desistido de uma batalha, enquanto Luis, de costas, disfarçava o seu contentamento por passar mais 10 minutos em sua companhia.
− Ok, “Bê”! Não precisa fazer essa carinha. Vamos encarar da seguinte forma: a casa precisa de mim! Não dou 30 minutos para que esse chão esteja coberto de lenços de papel; sem falar nos restos de cappuccino espalhados por todo apartamento; e o controle da TV então?! Todo lambuzado de Nutella, porque você insiste em ver e rever aquela cena melosa daquele filme que você gosta... aquele dos velhinhos... como é mesmo o no...?
− Diário de uma paixão! – Disse Beatriz enquanto esboçava um sorriso meio torto, mas sempre sincero.
Ela sabia sorrir. Tinha sempre consigo um entusiasmo que contagiava até os mais ranzinzas. Foi assim desde o primeiro dia que a vi. Me lembro daquela cena como se fosse hoje: eu sentado no meio de cem mil prontuários, desesperado com a infinidade de pacientes que eu ainda não havia avaliado, o hospital em greve e ela lá, sorrindo! Lembro-me dela caminhando despreocupadamente pelo corredor do hospital, do seu jeito de amarrar o cabelo em um “rabo de cavalo” e arregaçar as mangas do jaleco como se estivesse se preparando para a luta. Me encantei por ela à segunda vista.
− Sério, “Bê”! Não vou deixar, nem sob tortura, você transformar a sua casa em um cativeiro. E nem pense que você vai assistir aquela lenga-lenga pela milésima vez.
− Ah é?! Que maravilha heim?! Você invade a minha casa e agora vem quere me dizer o que eu devo ou não fazer?! – Ironizou.
− Exatamente! – retribuí com um sorriso.
− E o que a vossa excelência sugere para o meu momento de fragilidade?!
Eu reconheço esse tom há um kilômetro de distância. Esse é o jeito que ela tem de saber que eu estou sempre por perto, de que eu me importo. É o jeito dela se sentir protegida, cuidada.
− Não se preocupe, vim preparado! Nem vou precisar passar em casa para arrumar minhas coisas. Já coloquei tudo na mochila desde o dia que te vi chegar com os olhos inchados no hospital; aí foi só esperar você me contar o “auê”.
Ela fez uma cara de surpresa, como se não soubesse que eu reparo em cada um de seus detalhes.
− Você me surpreende, Luis... – disse com a voz já melodiosa, quase como a de costume.
− Então! Minha tarefa agora é passar o fim de semana evitando que você faça alguma besteira calórica e solitária.
Aproximou-se dela no sofá, tocou delicadamente o seu rosto, tomou-a em seus braços e acariciou levemente os cabelos. Aproveitou cada segundo daquele momento, mesmo que em segredo.
− Enquanto eu dou um jeito nessa sua louça, vê se esfrega um shampoo nessa cabeça e depois vem aqui me contar essa história direito.
Ela sacudiu a cabeça concordando.
− Vou fazer um café e passamos a noite conversando, se você quiser.
− Lu?!
− Oi?!
− Não entendo porque você é tão legal comigo!
− O que eu não entendo é como você continua entregando este seu coração para quem não deve! Onde mais precisa doer para você levar jeito?! Você é tão linda, tão especial... e eu... eu sou louco por você! Você desperta a minha atenção e tudo o que há de bom em mim! Me encanta o seu jeito de carregar o mundo inteiro nas costas sem ao menos suspirar de cansaço. Você sabe, se eu estou aqui é porque você vale a pena; porque lhe quero bem. E enquanto você tenta fazer esses seus lances rolarem com esses babacas, eu fico aqui sentindo a sua falta, querendo conversar contigo, ganhar aquele “ei” empolgado junto com uma cara de sono, na primeira corrida de leitos da manhã. - Pensou.
E respondeu um pouco engasgado, lutando para conter as palavras que teimavam em sair da sua boca.
− Você merece, esse é o motivo!
Ela sorriu novamente. Dessa vez um sorriso aberto, límpido, branco.
− Isso, adoro te ver assim! Fico orgulhoso quando consigo te fazer sorrir. Foi para isso que vim! – abraçou-a novamente.
− Terminando ali na cozinha, a gente senta no sofá e dá um jeito nessa agonia! Talvez eu toque um pouco de James Taylor, ou te faça cafuné, ou faça uma massagem profissional nos seus pés... Se nada funcionar, a gente pega uma navalha e faz uns cortes sequenciais no seu braço, só para liberar endorfina e trapacear a dor, como fez o Dr. House naquele episódio, lembra?
− Não... – respondeu tentando cessar a gargalhada.

− Não foi contigo que eu vi? Claro que foi, você deve ter embarcado no sono, como sempre. Como pode? É só te aconchegar de conchinha, contar até dez e pronto: você dormiu. E eu fico me sentindo o cara-todo-poderoso que está lá para te proteger.
− Sei que você deve achar que nunca mais conseguirá amar na vida, que ninguém nunca pedirá para ser seu marido e que aquela coisa de felicidade está cada vez mais longe. Mas pelo amor dos céus, é só um relacionamento falido; o menos importante deles. Olhe o lado bom, chore hoje, deixe as lágrimas escorrerem e lavarem essa maquiagem. Amanhã, de rosto novo, a gente pinta uma carinha feliz e eu te levo de carro para ver o mar. Ninguém vai perceber seu sorriso postiço, o mundo inteiro vai estar ocupado sorrindo com você.
− Confie em mim, às vezes quem está de fora enxerga melhor. E daqui vejo seu sorriso, e sei bem o que ele é capaz de fazer.

31 de março de 2013

A minha escolha


Atire a primeira pedra aquele que nunca sentiu medo. Ou quem nunca teve a sua fala estrangulada por esse misto de insegurança e impotência.
O medo é intrínseco à vida humana e nós o percebemos no momento em que alcançamos o nosso limite.
Acredite, há sempre uma expressão do medo no ponto final de uma linha.
Não adquiri este aprendizado dos inúmeros livros que já li. Aprendi na prática, experimentando em minha própria pele a força que tem esse sentimento.
Sentir medo me apavora; muito provavelmente porque ele representa para mim um sinal de fraqueza. E se há uma coisa que me tira do sério é sentir-me frágil.
Não sou daquelas que se sentem confortáveis ao admitir a sua pequenez diante da vida; muito menos quando sinto a vida grande demais para caber em meu coração.
Sou limitada e tenho que admitir: tenho em mim diversos receios.
Temo o amanhã, o futuro, as pessoas e às vezes, temo até a mim mesma.
Me incomoda muito perceber a minha fragilidade, mas me incomoda muito mais saber que não tenho para onde correr. Afinal, o medo é o que chamam de universal.
É por isso que às vezes me perco ao enfrentar certas situações, ao cruzar qualquer nova fronteira, ao tentar recomeçar de um novo ponto de partida.
Ainda não sei se isso é ou não um problema.
 Alguns especialistas dizem que o medo integra o nosso processo de sobrevivência. Sobrevivemos porque enquanto temerosos, aprendemos a ter cautela. Acredito que a questão encontra-se na transformação dos nossos medos em obstáculos; quando eles passam a impedir a nossa realização, quando se tornam maiores que nós.
É importante conhecermos e respeitarmos os nossos limites. Todavia, isso não significa que não existem outras alternativas que nos conduzam a um mesmo objetivo.
Por fim, tenho percebido que é essencial não nos desesperarmos, não perdermos o controle, as rédeas. Nossa vida deve e tem que ser regida por nós mesmos.
Há uma linha tênue entre o poder construtivo e o nocivo que o medo pode exercer em nossas vidas; contudo, está em nossas mãos optar por não ir além ou chegar muito mais longe do que imaginávamos que seríamos capazes.
Eu já fiz a minha escolha.

18 de fevereiro de 2013

Um




Há tempos pensei em escrever algo sobre nós dois. Quis expor tudo o que sinto de imediato, mas sempre ficava aquela sensação de que muito não seria dito. Para ser sincera, continuo com a mesma impressão; mas a vontade de dizer ao mundo o que se passa aqui dentro do meu peito, supera qualquer outro motivo que possa, por ventura, me calar.
Para começar, seria bom dizer como e quando tudo isso começou; porém não o farei. Já que na verdade, nem nós mesmos sabemos onde se encontra ao certo o nosso ponto de partida. Apesar de comemorarmos, para nós não existem datas, todos os dias são como o primeiro. E além disso, existe aquela velha sensação de que não nos descobrimos por acaso; não houve um encontro, muito menos um começo. A verdade é que nos reencontramos e recomeçamos do ponto onde, algum dia, havíamos parado.
É difícil querer que as outras pessoas entendam o há entre nós, quando até nós mesmo nos perdemos na busca por um sentido. Um dia, todos trocarão as explicações pelo inexplicável (assim como fizemos), e então o mundo saberá que nascemos para ser, ao mesmo tempo, plural e singular. Saberão que já não existe mais ‘você’ ou ‘eu’. Agora somos nós, dois em um.
 Pode parecer precipitado a outros olhos afirmar tudo isso com tanta veemência. Mas é como eu já havia dito, somente os nossos corações conhecem e entendem o que sentimos um pelo outro. Nós somos como presentes que o destino, cuidadosamente, preparou. Somos as respostas de todos os nossos questionamentos e a solução que nem sabíamos que buscávamos.
Eu sempre digo que não acredito em acaso e, ao seu lado, parece um absurdo ainda maior acreditar que tudo possa ter acontecido sem motivo.
Eu sempre nadei contra a maré. Sempre fui a pessoa que acreditava e confiava mesmo quando tudo me provava o contrário. Sempre fui daquelas que teimavam em sufocam a razão e deixavam a emoção falar mais alto. Agi assim incansavelmente, até ser convencida de que a realidade não passava nem perto dos ‘sonhos’ que eu vivia. Me tornei cética e descrente. E foi nesse momento, no pior deles, que você apareceu.
A princípio eu quis ignorar o óbvio e acreditar que, entre nós, nada era diferente. Mas é difícil lutar contra os fatos. Hoje percebo que somos mais por estarmos juntos. Não só nos completamos, mas transbordamos as nossas almas de tudo o que precisamos para sermos realmente felizes. Às vezes, continuo me perguntando: ‘por que nós dois?!’ Sigo sem encontrar explicações, mas acreditando que descobriremos o motivo juntos, diariamente. Tenho certeza,  mesmo sem saber como, que o que há entre nós não é passageiro. As estradas que percorremos e os obstáculos que enfrentamos nos trouxeram até aqui. De hoje em diante caminharemos juntos e chegaremos de mãos dadas onde a vida quiser nos levar.
Eu sempre quis viver um amor; sempre desejei ter ao meu lado alguém com quem eu pudesse contar; alguém que não me desamparasse nem me abandonasse diante das adversidades. Sempre quis alguém que me escolhesse pelo que eu sou e que não supervalorizasse os meus defeitos, que apenas os aceitasse. Eu sempre desejei alguém que lutasse comigo, que comprasse também as minhas brigas e que assim, crescesse ao meu lado. Eu sonhei, incessantemente, com alguém que realmente se importasse com a minha felicidade, e que fizesse dela também a sua. Por muito tempo busquei um companheiro, um amigo, alguém que me fizesse ser capaz de ir além.
E hoje, ir além é tudo o que eu quero... mas só se for com você!
Obrigada por ter me descoberto, por acreditar e insistir em nós dois e, principalmente, por me fazer tão feliz!
 Encerro com um trecho de um conto, ou talvez uma previsão, que escrevi em setembro de 2011:
“Jamais vou deixar de dormir sentindo o seu perfume ou o calor do seu corpo junto ao meu. Nada nesta vida (nem em nenhuma outra) me fará acordar senão ao seu lado. Hoje não há nada que me dá mais prazer do que poder sentar a sua frente e, enquanto tomo meu café-da-manhã, reparar no quanto suas bochechas ficam rosadas quando digo que me apaixono por ela todas as manhãs; ou o quanto as minhas camisas de algodão caem melhor nela do que em mim. Então ela se levanta e vem caminhando lentamente em minha direção. Senta no meu colo e encolhe as pernas, como se quisesse caber inteira no mesmo espaço que eu. Desliza os dedos em meus cabelos ainda molhados e recosta a cabeça em meu peito. E é nesse momento que gosto de beijar-lhe a testa. É que quando faço isso, ela sempre me olha nos olhos; e tem ainda aquele sorriso meio torto nos lábios, meio sem jeito. E, quase sem sentir, ela prende uma mecha de seus loiros cabelos atrás da orelha. E é aí que sinto aquela “coisinha” no estômago, aquele aperto gostoso no peito e a vontade de passar o resto da minha vida ao seu lado.”
É isso que desejo hoje (e sempre) para nós; que cada novo dia juntos seja como mais um passo rumo à nossa felicidade.

Amo você!


3 de janeiro de 2013

Permanecer

Estive pensando no quanto é difícil fazermos um amor durar nos dias de hoje; no quanto nos parece utópico estabelecermos laços que sejam duradouros. Não sei quando e como esses princípios foram distorcidos, mas ainda acho muito importante resgatarmos e vivermos os valores “antigos”; sobretudo a fidelidade.
Fidelidade é mais que a capacidade de sermos, exclusivamente, do outro; ser fiel significa “sermos para o outro” a vida inteira.
Provavelmente, a melhor explicação para a maioria dos nossos problemas, é o fato de não sermos mais capazes de criarmos laços definitivos. Diante disso, fico me perguntando “por que temos tanto medo do outro?” “Qual a razão de não querermos que alguém faça, definitivamente, parte de nossas vidas?”
A explicação para isso nem sempre é clara, mas há algo que torna-se cada vez mais visível: a medida que nos distanciamos dos outros, nos tornamos mais distantes de nós mesmos. Porque, podemos não ser dependentes, mas precisamos de um referencial; alguém que seja o instrumento pelo qual possamos, a todo tempo, ter acesso a nós mesmos.
O outro nada mais é que a nossa continuidade. Quando temos ao nosso lado alguém que amamos de verdade e que realmente faça parte da nossa vida, é como se olhássemos para a continuação de nós mesmos.  Ouvimos o bater daqueles corações e sabemos que o nosso bate junto, no mesmo compasso. E a nossa felicidade depende disso, da possibilidade de vivermos em unidade.
Particularmente falando, a praticidade me agrada muito, mas não em excesso. Tudo hoje está muito prático, dinâmico, liquefeito. Tudo se tornou muito líquido; o amor é líquido, a vida é líquida e como tal, eles escorrem por nossas mãos o tempo inteiro. Tudo isso porque somos levados a acreditar que a felicidade está diretamente associada ao que é transitório. O que é definitivo nos amedronta, nos aterroriza, nos repele. Falta-nos disposição para lutarmos, para fazermos sacrifícios, para darmos mais de nós mesmos, para irmos além e ultrapassarmos os limites do tradicional, do transitório, do temporário. Traduzindo, falta-nos disposição para sermos felizes.
Não acho que devemos ceder a essa imposição. Acredito que nadar contra essa corrente é a responsabilidade de todos nós, é o nosso dever. Precisamos fazer com que as coisas durem e imprimam suas marcas em nossas vidas. Precisamos permitir-nos amar, e amar com qualidade; apostar na fidelidade, inclusive na fidelidade à vida. Tenho visto muitas pessoas desistindo por tão pouco; ou se não é por tão pouco, desistindo. Ultimamente, dizemos adeus com muita facilidade. E tenho certeza de que não fomos feitos para sermos assim!
Devemos à nós mesmos os laços que evitamos construir. Devemos à nós mesmos a vida em unidade, a (maravilhosa) sensação de termos algo em comum com alguém, de estarmos em perfeita sintonia.
Quando descobrimos aquele que possui sentimentos semelhantes aos nossos, ou seja capaz de enxergar um pouco a nossa alma, de nos ver além das aparências, nos sentimos menos sós. Não é vergonha admitir que precisamos de quem diminua a nossa solidão, ou que nos faça feliz pelo simples fato de estar ao nosso lado. Por essas pessoas sim, somos capazes de viver.
Estamos apostando demais na frouxidão dos abraços e nos esquecendo que são nos laços mais estreitos que a vida realmente acontece. Pode ser que tenhamos milhões de pessoas a nossa volta, mas de todos estes, quem ficaria até o fim? Com quem poderíamos realmente contar?
É desconcertante esse tipo de questionamento, mas é necessário. Porque antes de sermos fieis aos outros, devemos ser fieis a nós mesmos. Precisamos assumir a responsabilidade de sermos duradouros, irmos além do que é convencional, do que esperam de nós. Surpreender a todos e a nós mesmos.
É a surpresa que faz a vida valer a pena; que não nos deixa desistir, que nos fornece ânimo para sermos permanentes. É a novidade que nos enche de vida e nós podemos (e devemos) ter a consciência de que somos capazes de nascermos de novo. E com isso, jamais perdemos o nosso encanto.
Não tenho vergonha de dizer que vivo embreagada. Embreagada de sonhos, de emoções, de sentimentos. Posso dizer, com convicção, que a vida não passa inutilmente por mim! Eu tenho a mania de ser intensa. Sofro demais, me alegro demais, sinto raiva demais. Tudo em mim é em excesso. E hoje não quero outra coisa, senão poder nascer de novo. Olhar para tudo que há em mim e ainda ser capaz de me surpreender. Desfrutar a alegria que é própria da surpresa, mas ter comigo a certeza de que não sou um ser raso. Não quero começar a viver para fora e esquecer de que, quem não vive para dentro, antes de qualquer coisa, não tem condições de viver para ninguém. Funciona como o amor. Se não nos amamos, se não nos cuidamos, não há como amarmos ou cuidarmos do próximo. Tudo na medida certa, para que não nos tornemos esgoístas, mas sabendo que o nosso gesto de amor é um desdobramento do amor que temos por nós mesmos.
Permita-se amar. Ser duradouro. Permanente. Até eterno. Olhe em volta e descubra um motivo, por menor que seja, para ser feliz. E faça desse motivo uma razão para se reencontrar. Se reinventar. E ir além.



6 de novembro de 2012

Re-Começar!






Não sei se vocês concordam comigo, mas dentre todas as formas de perder alguém, dizer adeus é uma das piores; sobretudo quando nos despedimos contra a nossa vontade.
Particularmente, dizer “adeus” me causa um imenso transtorno. Talvez porque nestas circunstâncias, a perda nunca é completa. A pessoa não vai embora, muito menos o que sentimos por ela. O que falta é apenas aquela ponte que antes nos unia. A conexão quase perfeita de pensamentos, palavras e emoções.
É triste admitir que estas “pontes” são mais frágeis do que possamos supor. É certo que em algum momento, uma ou outra irá ruir. Cairá por terra e levará consigo promessas de amor ou amizade eternas.

E ao vermos tanta coisa destruída, nos perguntamos se vale à pena o esforço de tentarmos consertá-las. E esse tipo de decisão que demanda tempo. Muito provavelmente porque sabemos que, ao decidirmos reparar alguma coisa, corremos o risco do insucesso. Consertos não garantem a perfeição, por melhores que eles sejam. Sempre ficará uma marca, um remendo, algo que nos faça lembrar do que não queríamos. E o que antes era frágil poderá se tornar ainda mais.
A minha ideia então é apostar no que é novo. Reciclar.
Aproveitar os velhos sentimentos, as velhas experiências, as lembranças e construirmos algo diferente, mantendo somente a essência do sentimento antigo. Já dizia Shakespeare que “não é necessário que mudemos de amigos, se compreendermos que os amigos mudam”. Essa talvez seja uma das maiores verdades que já ouvi. Não é necessário que abandonemos o que é importante para nós, se aprendermos a reaproveitar as nossas vivências. Tudo em nossas vidas está em constante mudança, não seria diferente com aqueles que amamos.
Por isso não acredito naquela coisa de “começar de onde paramos”. É muita mesmice e seria igual a persistir descuidadamente no erro. O correto, na minha opinião, é buscarmos outras alternativas; fazermos o mesmo, porém de uma forma diferente. E isso é possível. Existem muitos caminhos que convergem para o mesmo ponto. Alguns mais fáceis, outros nem tanto. Mas há inúmeras oportunidades para seguirmos e é por isso que não podemos desistir. Se não deu certo de um jeito, tente o próximo. Se não chegou onde queria, existe outro caminho a ser percorrido.
Uma das minhas pontes estava caída. E de um lado do abismo, morrendo de vontade de chegar ao outro lado, me perguntava se valia a pena tanto esforço. E descobri que maior que a minha dúvida era a saudade. E é por isso que estou aqui... não para recomeçar de onde paramos, mas para seguirmos por um novo caminho.
Eu senti muito a sua falta!

21 de outubro de 2012

Meu velho caderno

Uma das primeiras coisas que aprendi, é que os erros também fazem parte dos ensinamentos da vida; e sempre que algo não dá certo, temos o direito de virar a página. E é isso que desejo hoje, recomeçar.
Decidi que o meu primeiro passo será reconhecer os meus limites. E reconhecendo-os descobrirei uma nova maneira de lidar com eles. Saber-se limitado talvez seja o que mais nos causa medo; muito provavelmente porque adquirimos a consciência de que não somos capazes de tudo o que pensamos ser. O medo faz parte da essência humana e é natural que, vez ou outra, provemos desse sentimento. O que não podemos permitir é que ele seja determinante, ou correremos o risco de vivermos eternamente assombrados.
Hoje percebo que o medo pelo sofrimento, o transforma em algo maior do que ele é. E quanto maior ele fica, mais medo sentimos. É um ciclo que não se encerra. Por isso resolvi assumir outra postura, enxergar o que me aflige por outro ângulo e compreender que o que me faz sofrer não deve me causar temor, mas sim coragem para enfrentar o que a vida tem para me oferecer.
Então, percebi que este é momento do meu fortalecimento. Só agora entendi que não posso enfrentar isso de qualquer jeito... preciso reunir as minhas forças. Porque não posso coroar como vencedor, quem só quer me derrotar.
Resolvi estabelecer com a vida um pacto de verdade e ser honesta com a história que estou escrevendo; com os medos que sinto e com aquilo que, verdadeiramente, merece o meu empenho e a minha atenção.
Sinto como se eu estivesse perdendo tempo e dando atenção ao que não necessita dela... detalhes bobos e às vezes nem tão bobos assim; mas que não podem superar o que realmente importa: a minha paz.
Assim como aprendi a escrever, aprenderei também a viver de uma maneira diferente. Quando escrevo, preocupo-me com cada detalhe, cada pontuação; se não for assim, jamais posso esperar ser compreendida. Talvez essa verdade se estenda à minha vida. Talvez toda essa bagunça seja porque eu não soube colocar os pontos nos lugares certos. Ou porque não soube reconhecer, quando deveria, a pontuação que já estava ali para ser lida. Deixei passar algumas exclamações e as emoções que elas codificam. Na verdade eu as troquei pelas reticências, pelas interrogações e pela incerteza (quase certa) do que poderia acontecer e não aconteceu.
Hoje darei início à busca pela serenidade e pela emoção que deixei trancafiada dentro de mim. Decidi que não quero que ela venha à tona somente sob a forma de mágoa. Eu nasci para exclamar e para mostrar que é possível ter esperança, mesmo diante das adversidades.
Sinto falta em minha vida das vírgulas e da calma que elas trazem consigo; falta dos pontos finais, porque acho que é a incapacidade de usá-los que nos traz tanto sofrimento.
Essas são as lições que eu aprendi enquanto tentava rabiscar algumas sílabas num velho caderno; as regras de pontuação que eu acreditava que diziam respeito apenas àquele pedaço de papel. Lições que hoje faço questão de compartilhar com vocês.
Há algo dentro de mim que clama por transformação e é por isso que tomei coragem de encarar o que me incomoda. Estou olhando o meu sofrimento de frente e me perguntando onde está a minha culpa... ou melhor, onde está a minha responsabilidade diante de tudo isso que está sendo ruim? Onde eu estou errando para que essa agonia perdure?
Sei que Deus olha por mim; e assim como Ele, eu também não quero perder tempo. Não adianta que a graça de Deus seja dinâmica se nós não conseguimos acompanhá-la. Ele é rápido, ama o tempo todo, perdoa o tempo todo; a graça de Deus nos envolve com velocidade e nós não temos o direito de ficarmos parados, estacionados.
Hoje eu descobri que também tenho pressa... pressa de querer a vida, de ser feliz, porque eu não sei quanto tempo ainda me resta.




"O mundo só anda armado, elitizado, cheio de interesses... e vc queria um amor! Isso é nobre!"

9 de outubro de 2012

Não mata, ensina a viver!

Tenho me decepcionado tanto e tão profundamente com as pessoas, que me faltam palavras para descrever o efeito disso em mim.
É muito mais do que dor. É uma sensação de vazio; o mesmo vazio que sentimos quando somos roubados.
Roubaram-me a fé no próximo, a crença de que as pessoas são essencialmente boas e a boa vontade de acreditar até que me provem o contrário.
Fico me perguntando por que todos (com raríssimas exceções) preferem o avesso ao direito? Porque as pessoas escolhem se envolver por interesse ao invés de interessarem mais por nossos sentimentos?
O que sentimos nem sempre nos aponta o melhor caminho. Vez ou outra nos vemos perdidos de nós mesmos, carregando dentro de nós uma angústia tão grande que chega a nos sufocar.
Mas nesse caminho há sempre um retorno; e para esta angústia há sempre um remédio, o tempo.
O tempo cura tudo, mas não consegue apagar as impressões que as irresponsabilidades alheias imprimiram em nós.
Viver baseando-se em interesse dá muito trabalho. É preciso uma preocupação excessiva com todas as coisas, é preciso pensar em todos os detalhes, em cada circunstância. Afinal a máscara (seja ela qual for) não pode cair.
Viver de “mentirinha” retira da vida tudo o que ela tem de bom: a espontaneidade.
Eu prefiro os tropeços, as quedas, a angústia e qualquer outro sentimento ruim que possa existir. Porque sou toda sentimento, emoção. E a mesma facilidade que tenho para chorar, tenho também para sorrir. E com a mesma velocidade que caio, me levanto.
Levanto, sacudo a poeira e sigo em frente. Sigo adiante com os braços bem abertos, para acolher tudo o que a vida tem para me oferecer.
E eu posso errar, me perder novamente, cair e demorar mais para me levantar... mas, sob nenhuma circunstância, deixarei de sentir.