12 de maio de 2013

Para sempre voltar



− Eu sei que tem sido difícil para você... As coisas também não andam nada fáceis para mim! Mas não estou aqui para te julgar. Conheço suas razões e não posso tirá-las de você.
− Eu juro que dei o melhor de mim! – sussurrou entre suas lágrimas.
− Eu sei... aliás, tenho certeza disso! Não sei se você tem a mesma impressão, mas a nossa história não acaba aqui. Escreva isso aí, ela não acaba agora, não acaba aqui!
Ela tentou balbuciar alguma coisa, mas a dor que se instalava em seu peito calou a sua voz.
Essas foram as últimas palavras que ele disse antes de fechar aquela porta. Depois disso foi embora de um jeito suave, como se prometesse (em silêncio) voltar. Enquanto cruzava o caminho da sala de estar, controlava-se para não olhar para trás e ver as lágrimas que escorriam pelo rosto da única mulher que amou na vida. Vê-la chorar seria o bastante para fazê-lo desistir de tudo.
Desceu as escadas e caminhou direto para casa. Enquanto andava por aquelas ruas vazias, relembrava os últimos meses de sua vida. Pensou em como era possível as coisas mudarem tão de repente. Clara tinha sido como uma mágica em sua vida. Desde o dia em que a conheceu soube que havia encontrado algo raro. Demorou um pouco para admitir, mas sim, aquilo era amor. Ele não era exatamente o último romântico, mas desejava em seu íntimo poder amar e ser amado. Desde então, Clara passou a ser essa oportunidade. Mais que isso, passou a ser a pessoa com quem ele resolveu dividir a sua vida.
É muito fácil imaginar uma vida ao seu lado. Ela é uma mulher incrível; meiga, sensível, carismática, um tanto quanto desconfiada, mas muito apaixonante. E como se não fosse o suficiente é dona de um jeito de menina e de um sorriso que desarmam qualquer um. À primeira vista ela exibe uma discreta fragilidade, mas não, ela é exatamente o oposto. É forte, é guerreira, é daquelas que não desistem nunca, que lutam até o fim.
Pedro conhecia o que carregava em seu coração. Tinha certeza dos seus sentimentos e dos dela também. Sabia que aquela história não tinha sido em vão e talvez esse fosse o motivo de acreditar que aquele não era o final.
Ela tinha uma regra básica: não se abrir a ninguém. Tudo vinha dando certo até a chegada de Pedro. A princípio pensou que aquilo que os unira seria passageiro, assim como as suas outras experiências. Felizmente ele havia vindo para ficar. Pedro era um tipão tranquilo e despreocupado, mas carregava em seus ombros a responsabilidade de ser um exemplo. Há alguns anos assumira este dever e trabalhava duro, dia-a-dia, para isso acontecesse.
Com o passar do tempo ele se tornou uma espécie de resgate. Assumiu o compromisso de trazer de volta tudo o que ela havia perdido e assim o fez. Ele a devolveu a fé que tinha nas pessoas e vontade de confiar acima de qualquer circunstância. Pedro a tirou da escuridão e a trouxe de volta à luz. Muito mais que isso, ele a fez feliz, feliz de verdade.
− Estranho pensar como as coisas podem se perder assim... será que tudo o que vivemos foi em vão?!
− Nada é por acaso, Clara! Nada!
− Nós nos amamos, não é justo que fiquemos separados.
− Eu sei... eu também não queria que as coisas fossem assim, mas acho que nós dois precisamos disso.
− E se a gente terminar mesmo, como vai ser?! Você vai seguir a sua vida, conhecer outras pessoas, namorar outras mulheres... e aí, o que vai sobrar de nós?
− Eu não estou pensando nisso agora... não estou pensando em outras mulheres porque não existe mais ninguém para mim além de você. Eu não quero outra mulher, não quero outra namorada. Eu quero você e é você que sempre vou querer!
− Não acho justo passarmos por isso!
− E não é mesmo! Olha, Clara, você foi a única pessoa que me fez feliz de verdade... a única pessoa com quem eu desejei, ou melhor, desejo passar o resto dos meus dias! Mas há tempos que não te vejo sorrir! Não esse sorriso que você coloca no rosto de vez em quando, para não parecer muito sofrida. Falo daquele outro que me fez apaixonar por você. Não quero que você o perca e não quero ser o responsável por isso!
Ela ficou calada, amargurada.
− Sei que estávamos esperando por um milagre! Infelizmente não nos resta outra alternativa no momento... vamos então usar o tempo a nosso favor! Vamos esperar que as coisas se resolvam.
− Esperar... esperar até quando, Pedro?!
− Esperar até o dia que seremos só nós dois. Nós dois e o futuro que planejamos juntos! Deus sabe, meu amor, o quanto eu quis que esse momento não chegasse. Mas há coisas que se tornam inevitáveis, você sabe disso melhor que ninguém.
− Sei...
− Então, meu amor! Vamos esperar... esperar e buscar compreender o sentido de tudo isso! Tenho certeza que vamos reencontrar tudo o que um dia nos uniu! Não duvide do amor que sinto por você. E é por te amar demais que resolvi concordar com a sua decisão e me ausentar... só Deus sabe o medo que tenho de não fazer falta para você, mas precisamos disso... você precisa saber se é mesmo ao meu lado que quer ficar!
Se abraçaram por alguns minutos e choraram juntos a dor de interromper aquela história.
− Promete que será por pouco tempo?
− Não, não posso prometer isso... não tenho como saber! Mas prometo que estarei aqui sempre que você precisar!
E de tudo, ficou a certeza de que nada acontece por acaso.
Uma vez que é vosso propósito contrair o santo Matrimônio, uni as mãos direitas e manifestai o vosso consentimento na presença de Deus e da sua Igreja.
Eles deram as mãos e, de mãos dadas, deram o primeiro passo em direção ao resto de suas vidas.
Eu Pedro, recebo-te, Clara, por minha esposa e a ti prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias de nossas vida.

Um comentário: