11 de janeiro de 2012

O que não podemos exigir

Já perdi as contas de quantas vezes tentei entender porque o amor é sinônimo de sofrimento.
Amar faz bem para o corpo e para a alma; nos trás paz de espírito e desperta em nós uma felicidade “sem motivos”. Mas já cheguei à conclusão de que não há como ficar apenas com a parte boa da “coisa”!
O amor é uma forma de doação. Toda vez que amamos, pedimos licença a nós mesmos e permitimos que outra pessoa faça parte do contexto da nossa vida. E acho que é até natural que isso machuque. Dar a outra pessoa um espaço em nossas vidas e, ao mesmo tempo, aceitá-la em sua essência, pode parecer fácil, mas não é!
É isso que nos faz sofrer tanto. Nem sempre o jeito de ser do outro é para nós inteiramente favorável. E ignoramos isto porque quando realmente gostamos de alguém, somos capazes de superar muitas coisas; pelo simples motivo de que o nosso sentimento torna-se infinitamente maior ao que nos desagrada.
O momento derradeiro é quando o que nos desagrada passa a ser superior ao quanto a gente ama. Nesse instante o perdão torna-se mais difícil e com o passar do tempo, escasso. Quando já não existe em nós aquela vontade incontrolável de relevar os erros alheios, é porque a face ruim está sobressaindo.
Não tente se enganar, esse não é um privilégio exclusivamente seu ou meu. Esse descuido pode acontecer com qualquer um ao longo da vida. Se não somos cuidadosos, fazemos prevalecer a nossa parte ruim e, por conseqüência, despertamos o que há de ruim no outro. É por isso que precisamos ter cautela, tato e até um pouco de complacência.
Não é raro o desejo de sermos amados e tratados com carinho e respeito. Mas será que contribuímos para isso? Será que estamos fazendo a nossa parte?
Essa é uma questão que nós precisamos ter coragem para tocar, pois às vezes somos tão difíceis que a possibilidade de despertarmos o amor alheio passa a ser quase impossível. E não é que o outro não queira, mas são tantos os obstáculos e empecilhos que nós mesmos colocamos que o objetivo torna-se inalcançável.
É necessário que tenhamos cuidado para não afastarmos as pessoas que estão ao nosso redor. Cuidado para não exagerarmos, para não forçarmos um querer bem que pode acabar provocando um efeito contrário. E, principalmente, devemos aprender que o amor é natural, a amizade é um processo natural, assim como a aproximação. Se não aconteceu é porque não há naturalidade, espontaneidade. E, dentre outras coisas, amor é algo que não se pode exigir.

9 de janeiro de 2012

Hoje eu apaguei as quatro temporadas de “Felicity” do meu computador. E o fiz com uma certa dorzinha no coração. Eu sei que alguns de vocês vão pensar que sou idiota, outros terão certeza, mas uma (pequena) parcela concordará comigo. Aprendi muito com aquela série. E dentre as outras coisas que me chamaram atenção nela, está o quanto somos capazes de perdoar quando amamos verdadeiramente.
A dinâmica do perdão não consiste em contarmos quantas vezes perdoamos, já que sempre teremos alguém para perdoar; por um motivo muito óbvio: estamos cercados de pessoas que tem valor para nós.
Perdoar transforma-se num desafio no momento em que percebemos que o outro não muda. A partir de então precisamos ir além e passarmos a adotar atitudes que vão, de alguma forma, conscientizar o outro do mal que ele comete contra os outros e contra ele mesmo. É por isso que perdoar não é somente pronunciar um “eu te perdôo”. É uma atitude que deve abranger um pouco mais e representar um motivo que nos leve a reflexão. Porque o perdão não é uma atitude mágica, muito menos uma regra simples de ser vivida. Ao redor dele há uma grande dinâmica existencial.
A regra do perdão permeia sempre a análise de nossas próprias vidas, daquilo que fazemos para machucar ou ofender. E sendo assim, talvez o que nos falte é sermos mais duros; e não só perdoarmos, mas também estabelecermos algumas regras.
Se você me magoa, a decisão de perdoá-lo ou não é minha. Mas além disso, acho que seria bom se estabelecêssemos um limite, pois eu não quero ser magoada novamente.
O que ocorre às vezes é que os outros não entender esse “basta” como verdadeiro. E, geralmente, a culpa disso cabe a nós mesmo; uma vez que é comum colocarmos esta regra e não darmos autoridade a ela. Muitas pessoas não mudam conosco, simplesmente, porque não mudamos também a nossa maneira de exigirmos respeito.
Mas e o perdão? Quantas vezes eu preciso ou devo perdoar?
A resposta é mais simples do que parece: quantas vezes tivermos motivos para isso.
De tudo, o que me causa mais temor é a possibilidade de que o desgaste das mágoas nos faça perder o amor que sentimos um pelo outro. E ao perdermos o amor, o respeito, perdemos também a vontade de perdoar.
Dizem que se conselhos fossem realmente bons, os venderíamos; mas, de qualquer forma, aqui vai o meu:
Se você tem “pisado (muito) na bola com alguém”, cuidado. Você pode sofrer as conseqüências de não ter sido capaz de dar valor ao perdão que tantas vezes recebeu.
Hoje tentei olhar as coisas de outro ângulo, de cima. Ter uma visão um pouco mais imparcial. Com isso percebi que (como sempre) existem dois lados, duas dinâmicas. Primeiro a de quem concede o perdão. Este deve fazer tudo o que for possível manter vivo o amor que trás em seu coração. Pois, se o outro persistir errando, será indispensável ter reservas de amor para continuar ajudando. Segundo, a outra metade, aquele que está sendo perdoado. Este carece também assumir um posicionamento. Não é correto nos acomodarmos diante da expectativa de um possível perdão. E fazermos isso é uma forma de nos comprometermos com o amor que nos é dado.
Amar implica obrigações. E ser amado também.
Se você sabe que existe alguém que te ame e te respeite, isso deve modificar a forma como a interpreta; o jeito de lidar com ela. Você deverá ter mais tato, mais traquejo para não deixar a sua pior parte prevalecer. E esse é um trabalho que deve ser executado todos os dias, todas as horas e de forma exemplar. Porque conviver está longe de ser fácil.
Se o perdão é tão necessário à vida humana, é porque somos frágeis e cometemos muitos erros. Muitas vezes não conseguimos fazer o bem que queremos e terminamos por fazer o mal, involuntariamente.
O que devemos ter sempre em mente é que a experiência do perdão, por mais dolorosa que seja, sempre vale a pena. Nós não podemos desanimar dos outros. Precisamos ter sempre a coragem de reinventar diariamente os nossos significados, os nossos motivos. Olhar para quem amamos e renovar com eles o nosso compromisso. Porque se não o fizermos, corremos o risco de cair na mesmice, na rotina que muitas vezes estrangula o sentimento. E, não sei se felizmente ou infelizmente, o amor é assim... se você não exercitá-lo, ele morre.
Da mesma forma que o exercício fortalece o músculo, o amor fortalece a relação humana. Amigos serão mais amigos, à medida que se amam mais.
E na dinâmica do amor está o perdão. Pois, por mais que queiramos acertar, em alguns momentos o erro vai existir. O que importa é sabermos que isso não exclui a responsabilidade de sabermos como erramos, quando erramos e porque erramos. É esta ciência que vai nos permitir realizar um trabalho em nós mesmos, na tentativa de neutralizar as situações que nos fazem errar... e aí entra a velha questão, a qual eu não me canso de falar: o auto-conhecimento. É importante que a gente conheça o nosso funcionamento. O que nos irrita. O que nos faz chegar ao limite. Só assim poderemos trabalhar nessas questões.
Se eu pudesse fazer um pedido, pediria para que você não se deixe acomodar. Nós precisamos ser muito fortes, em todos os sentidos. Precisamos ter disposição interior para amar e perdoar quantas vezes forem necessário. E acima de tudo, precisamos ter disposição para evitarmos a mágoa. Acho que esta é a grande questão. Muitas vezes desejamos ser perdoados, mas não temos disposição para evitar o que magoa. E não adianta dizer “eu sou assim” para se justificar. Porque quem ama, vive... e quem vive é capaz de mudar.


5 de janeiro de 2012

Flor das Alterosas

Ultrapassando os limites da tela fria do monitor
Manifestou – me uma sensação incrível e inesperada
Apresentando a singela beleza do interior
Nada se acrescenta a essa mineirinha encantada

Jorra simpatia em seus traços delicados
Ornamenta os pensamentos de quem a observar
Brilho intenso da juventude em seus olhos adocicados
Refletindo a infinita meiguice que lhe é peculiar

Única estrela de um tempestuoso nevoeiro
Norteia o destino das situações mais aflitivas
Afasta a tristeza com um sorriso terno e verdadeiro
Transformando os obstáculos em soluções positivas

Umedece o caminho de uma atroz aridez
Provoca forte admiração e um desejo inestimável
Irradia gentileza em seu jeito cândido e cortês
Nulo é o pessimismo nessa figura tão amável

Acalma e protagoniza o mais nobre dos sentimentos
Mostrando carinho extremo em todos os instantes
Bloqueia o fracasso de um fugaz sofrimento
Antecipando – se com alegria incomum e cativante

Martiriza – me a eterna distância que nos separa
Aumentando a expectativa para um encontro futuro
Incapaz de descrever o êxtase que se prepara
Acompanharei os passos da felicidade que procuro.

(Daniel Marangon Jorge)


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A poesia acima foi escrita pelo Daniel (o lindo da foto abaixo! rss).
E sabem o que tem de melhor nela?! É que foi feita para mim (reparem que é um acróstico)!
Preciso dizer que ninguém nunca me dirigiu palavras tão belas quanto essas! Fiquei muuuito feliz com este presente!!!

Obrigada, Dan!!! Você é mesmo um anjo!!!