Recebi esse Meme por indicação da Ana Tereza, do blog "Deixa a alma respirar", do qual sou fã.
Ana, muitíssimo obrigada por ter se lembrado de mim e do "Entrelinhas e palavras"! Tenha certeza de que fiquei imensamente honrada por ser lembrada por quem tanto admiro!
E o que tenho que fazer é o seguinte:
Pense numa cena, ou numa frase ou 'conjunto de frases' ou uma personagem (homem ou mulher) que te marcou/ te impressionou/ te fez suspirar/ te fez refletir em um livro que leu e gostou. Pode ser o livro que você está lendo agora, ou qualquer outro livro que já tenha lido. Depois disso, você vai procurar na internet um ilustração/figura que mais representa essa cena/frase deste livro. Não esqueça de indicar qual é o livro que vocês está citando e os créditos da imagem.
Pense numa cena, ou numa frase ou 'conjunto de frases' ou uma personagem (homem ou mulher) que te marcou/ te impressionou/ te fez suspirar/ te fez refletir em um livro que leu e gostou. Pode ser o livro que você está lendo agora, ou qualquer outro livro que já tenha lido. Depois disso, você vai procurar na internet um ilustração/figura que mais representa essa cena/frase deste livro. Não esqueça de indicar qual é o livro que vocês está citando e os créditos da imagem.
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"(...) Laila chegou a abrir a boca para dizer alguma coisa. Não que achasse que a mãe não tinha razão. Sabia muito bem que aqueles dias de inocência, quando podia ficar tranqüilamente brincando com Tariq pelas ruas, tinham terminado. Já há algum tempo, vinha percebendo algo diferente no ar sempre que os dois saiam juntos em público. Podia sentir que as pessoas olhavam para eles, reparavam neles, cochichavam a seu respeito, e não notava nada disso antes. E talvez continuasse a não notar, mesmo agora, se não fosse por um detalhe fundamental: tinha se apaixonado por Tariq. Estava loucamente apaixonada, e sem qualquer esperança.
(...)Quando elas já tinham retirado os pratos, levado tudo para a cozinha e começado aquele frenesi de preparar o chá, tendo que lembrar quem preferia verde, quem preferia preto, Tariq fez um gesto com a cabeça, indicando a porta, e saiu.
Laila esperou uns cinco minutos e foi atrás dele.
Encontrou-o três casas adiante, recostado na parede, na entrada de um beco estreito que separava duas construções. Estava cantarolando uma velha canção pashto, de Ustad Awal Mir:
Da ze ma ziba watan,
Da ze ma dada watan.
Esta é a nossa linda terra,
Esta é a nossa terra amada.
— Sua mãe o mataria se soubesse que está fumando — disse Laila, olhando para um lado e para o outro antes de entrar no beco.
— Só que ela não sabe — retrucou ele, recuando para deixá-la passar.
— Mas poderia vir a saber.
— E quem vai contar a ela? Você?
— Pode contar seus segredos ao vento, mas, depois, não vá culpá-lo por contar tudo às árvores — disse a menina, batendo com o pé no chão.
— Quem disse isso? — indagou Tariq, sorrindo e erguendo a sobrancelha.
— Khalil Gibran.
— Você é uma exibida!
— Me dê um cigarro.
Ele fez que não com a cabeça e cruzou os braços. Este era um novo item do seu repertório de poses: recostado na parede, de braços cruzados, com um cigarro pendendo do canto da boca e a perna boa meio dobrada, com um ar descontraído.
— Por que não?
— Não é legal para você — disse ele.
— Mas é para você?
— Faço isso por causa das garotas.
— Que garotas?
— Elas acham que é sexy — respondeu ele, todo prosa.
— Não é mesmo.
— Não?
— Garanto que não.
— Não é sexy?
— Você fica parecendo um khila, um retardado.
— Uau, e precisa ser tão dura? — retrucou ele.
— De qualquer forma, que garotas são essas?
— Hmmm, você está com ciúme.
— Eu, não. Não estou nem aí... É só curiosidade.
— As duas coisas ao mesmo tempo? Impossível! — observou ele, dando uma tragada no cigarro e apertando os olhos por causa da fumaça.
— Aposto que estão falando de nós.
Laila podia ouvir a voz da mãe, dizendo: "É como segurar um mainá. Basta soltar um pouco as mãos e pronto: ele sai voando." Sentiu uma pontada de culpa, mas, depois, calou a voz da mãe e preferiu saborear o jeito como Tariq tinha pronunciado a palavra nós. Vindo dele, parecia ate alguma coisa emocionante, conspiratória. E era tão tranqüilizador ouvi-lo dizer aquilo assim, num tom espontâneo, natural... Nós. Era como reconhecer a ligação entre ambos, cristalizá-la.
— Dizendo o quê?
— Que estamos navegando pelo rio do pecado — respondeu ele.
— Comendo um pedaço do bolo da imoralidade.
— Andando no riquixá da depravação — acrescentou Laila, entrando na brincadeira.
— Preparando a qurma do sacrilégio.
E os dois caíram na risada. De repente, Tariq notou que o cabelo dela estava crescendo.
— Está bonito — disse ele.
— Você esta mudando de assunto — retrucou Laila, torcendo para não ficar vermelha.
— Que assunto?
— Aquelas meninas de cabeça oca que acham você sexy.
— Ora, você sabe muito bem.
— Sabe o quê?
— Que só me interesso por você.
(...) — Comprei um revólver — disse ele um dia. Estavam sentados no chão do quintal da casa de Laila, debaixo da pereira. E lhe mostrou a arma. Era uma Beretta, semi-automática. Para a menina, ela parecia simplesmente preta e mortal.
— Não gosto disso — observou ela. — As armas me assustam.
— Na semana passada, encontraram três corpos numa casa em Karteh-Seh — disse ele, girando o tambor da arma para abri-lo. — Você ficou sabendo? Eram irmãs. As três foram estupradas. E tiveram a garganta cortada. Alguém arrancou com os dentes os anéis que elas tinham nos dedos. Deu para saber por causa das marcas...
— Prefiro não ouvir essas coisas.
— Não queria que você se aborrecesse — disse Tariq. — E só que... Eu me sinto melhor tendo isso comigo.
— Você seria capaz? — perguntou Laila.
— De quê?
— De usar essa coisa. De matar com ela.
O rapaz enfiou o revólver na cintura da calça e disse algo a um só tempo maravilhoso e terrível.
— Por você — respondeu ele. — Eu usaria isso para matar alguém por você, Laila.
Ele chegou mais perto e suas mãos se tocaram uma vez, e outra mais. Quando, com alguma hesitação, os dedos de Tariq tentaram segurar os seus, ela deixou. E quando ele se inclinou subitamente e encostou os lábios nos seus, ela também deixou.
Aquele beijo ali debaixo de uma árvore não podia fazer mal algum. Era uma coisinha à toa. Uma indulgência facilmente desculpável. Então, deixou que Tariq a beijasse e, quando ele se afastou, Laila se inclinou para beijá-lo, com o coração aos pulos, o rosto ardendo, um fogo queimando por dentro (...)."
— De quê?
— De usar essa coisa. De matar com ela.
O rapaz enfiou o revólver na cintura da calça e disse algo a um só tempo maravilhoso e terrível.
— Por você — respondeu ele. — Eu usaria isso para matar alguém por você, Laila.
Ele chegou mais perto e suas mãos se tocaram uma vez, e outra mais. Quando, com alguma hesitação, os dedos de Tariq tentaram segurar os seus, ela deixou. E quando ele se inclinou subitamente e encostou os lábios nos seus, ela também deixou.
Aquele beijo ali debaixo de uma árvore não podia fazer mal algum. Era uma coisinha à toa. Uma indulgência facilmente desculpável. Então, deixou que Tariq a beijasse e, quando ele se afastou, Laila se inclinou para beijá-lo, com o coração aos pulos, o rosto ardendo, um fogo queimando por dentro (...)."
(A cidade do sol – Khaled Hosseini)
"A Cidade do Sol" me impressionou muito, já que conta, de forma delicada, uma linda história de amor que nasceu e sobreviveu ao caos. É uma leitura deliciosa, já que mescla (com muita originalidade) fatos bastante rudes com uma linguagem extremamente doce.
Vale conferir!
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