
Recebi esse Meme por indicação da Ana Tereza, do blog "Deixa a alma respirar", do qual sou fã.
Ana, muitíssimo obrigada por ter se lembrado de mim e do "Entrelinhas e palavras"! Tenha certeza de que fiquei imensamente honrada por ser lembrada por quem tanto admiro!
E o que tenho que fazer é o seguinte:
Pense numa cena, ou numa frase ou 'conjunto de frases' ou uma personagem (homem ou mulher) que te marcou/ te impressionou/ te fez suspirar/ te fez refletir em um livro que leu e gostou. Pode ser o livro que você está lendo agora, ou qualquer outro livro que já tenha lido. Depois disso, você vai procurar na internet um ilustração/figura que mais representa essa cena/frase deste livro. Não esqueça de indicar qual é o livro que vocês está citando e os créditos da imagem.
Pense numa cena, ou numa frase ou 'conjunto de frases' ou uma personagem (homem ou mulher) que te marcou/ te impressionou/ te fez suspirar/ te fez refletir em um livro que leu e gostou. Pode ser o livro que você está lendo agora, ou qualquer outro livro que já tenha lido. Depois disso, você vai procurar na internet um ilustração/figura que mais representa essa cena/frase deste livro. Não esqueça de indicar qual é o livro que vocês está citando e os créditos da imagem.
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(...)Quando elas já tinham retirado os pratos, levado tudo para a cozinha e começado aquele frenesi de preparar o chá, tendo que lembrar quem preferia verde, quem preferia preto, Tariq fez um gesto com a cabeça, indicando a porta, e saiu.
Laila esperou uns cinco minutos e foi atrás dele.
Encontrou-o três casas adiante, recostado na parede, na entrada de um beco estreito que separava duas construções. Estava cantarolando uma velha canção pashto, de Ustad Awal Mir:
Da ze ma ziba watan,
Da ze ma dada watan.
Esta é a nossa linda terra,
Esta é a nossa terra amada.
— Sua mãe o mataria se soubesse que está fumando — disse Laila, olhando para um lado e para o outro antes de entrar no beco.
— Só que ela não sabe — retrucou ele, recuando para deixá-la passar.
— Mas poderia vir a saber.
— E quem vai contar a ela? Você?
— Pode contar seus segredos ao vento, mas, depois, não vá culpá-lo por contar tudo às árvores — disse a menina, batendo com o pé no chão.
— Quem disse isso? — indagou Tariq, sorrindo e erguendo a sobrancelha.
— Khalil Gibran.
— Você é uma exibida!
— Me dê um cigarro.
Ele fez que não com a cabeça e cruzou os braços. Este era um novo item do seu repertório de poses: recostado na parede, de braços cruzados, com um cigarro pendendo do canto da boca e a perna boa meio dobrada, com um ar descontraído.
— Por que não?
— Não é legal para você — disse ele.
— Mas é para você?
— Faço isso por causa das garotas.
— Que garotas?
— Elas acham que é sexy — respondeu ele, todo prosa.
— Não é mesmo.
— Não?
— Garanto que não.
— Não é sexy?
— Você fica parecendo um khila, um retardado.
— Uau, e precisa ser tão dura? — retrucou ele.
— De qualquer forma, que garotas são essas?
— Hmmm, você está com ciúme.
— Eu, não. Não estou nem aí... É só curiosidade.
— As duas coisas ao mesmo tempo? Impossível! — observou ele, dando uma tragada no cigarro e apertando os olhos por causa da fumaça.
— Aposto que estão falando de nós.
Laila podia ouvir a voz da mãe, dizendo: "É como segurar um mainá. Basta soltar um pouco as mãos e pronto: ele sai voando." Sentiu uma pontada de culpa, mas, depois, calou a voz da mãe e preferiu saborear o jeito como Tariq tinha pronunciado a palavra nós. Vindo dele, parecia ate alguma coisa emocionante, conspiratória. E era tão tranqüilizador ouvi-lo dizer aquilo assim, num tom espontâneo, natural... Nós. Era como reconhecer a ligação entre ambos, cristalizá-la.
— Dizendo o quê?
— Que estamos navegando pelo rio do pecado — respondeu ele.
— Comendo um pedaço do bolo da imoralidade.
— Andando no riquixá da depravação — acrescentou Laila, entrando na brincadeira.
— Preparando a qurma do sacrilégio.
E os dois caíram na risada. De repente, Tariq notou que o cabelo dela estava crescendo.
— Está bonito — disse ele.
— Você esta mudando de assunto — retrucou Laila, torcendo para não ficar vermelha.
— Que assunto?
— Aquelas meninas de cabeça oca que acham você sexy.
— Ora, você sabe muito bem.
— Sabe o quê?
— Que só me interesso por você.
(...) — Comprei um revólver — disse ele um dia. Estavam sentados no chão do quintal da casa de Laila, debaixo da pereira. E lhe mostrou a arma. Era uma Beretta, semi-automática. Para a menina, ela parecia simplesmente preta e mortal.
— Não gosto disso — observou ela. — As armas me assustam.
— Na semana passada, encontraram três corpos numa casa em Karteh-Seh — disse ele, girando o tambor da arma para abri-lo. — Você ficou sabendo? Eram irmãs. As três foram estupradas. E tiveram a garganta cortada. Alguém arrancou com os dentes os anéis que elas tinham nos dedos. Deu para saber por causa das marcas...
— Prefiro não ouvir essas coisas.
— Não queria que você se aborrecesse — disse Tariq. — E só que... Eu me sinto melhor tendo isso comigo.
— Você seria capaz? — perguntou Laila.
— De quê?
— De usar essa coisa. De matar com ela.
O rapaz enfiou o revólver na cintura da calça e disse algo a um só tempo maravilhoso e terrível.
— Por você — respondeu ele. — Eu usaria isso para matar alguém por você, Laila.
Ele chegou mais perto e suas mãos se tocaram uma vez, e outra mais. Quando, com alguma hesitação, os dedos de Tariq tentaram segurar os seus, ela deixou. E quando ele se inclinou subitamente e encostou os lábios nos seus, ela também deixou.
Aquele beijo ali debaixo de uma árvore não podia fazer mal algum. Era uma coisinha à toa. Uma indulgência facilmente desculpável. Então, deixou que Tariq a beijasse e, quando ele se afastou, Laila se inclinou para beijá-lo, com o coração aos pulos, o rosto ardendo, um fogo queimando por dentro (...)."
— De quê?
— De usar essa coisa. De matar com ela.
O rapaz enfiou o revólver na cintura da calça e disse algo a um só tempo maravilhoso e terrível.
— Por você — respondeu ele. — Eu usaria isso para matar alguém por você, Laila.

Aquele beijo ali debaixo de uma árvore não podia fazer mal algum. Era uma coisinha à toa. Uma indulgência facilmente desculpável. Então, deixou que Tariq a beijasse e, quando ele se afastou, Laila se inclinou para beijá-lo, com o coração aos pulos, o rosto ardendo, um fogo queimando por dentro (...)."
(A cidade do sol – Khaled Hosseini)
"A Cidade do Sol" me impressionou muito, já que conta, de forma delicada, uma linda história de amor que nasceu e sobreviveu ao caos. É uma leitura deliciosa, já que mescla (com muita originalidade) fatos bastante rudes com uma linguagem extremamente doce.
Vale conferir!
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