6 de julho de 2010

Saudades...

Alexandre,

nem sei como e nem por onde começar, afinal, há tanto tempo que não conversamos. Às vezes me custa acreditar que se passaram 15 anos, 7 meses e 5 dias. Parece que foi ontem que voltei da escolinha sob os seus ombros...
Áh... como me encantava enxergar o mundo de cima! Do alto dos seus mais de 1,90 de altura, tudo parecia-me diferente e eu, mais crescida... mais adulta... mais forte!
E não se contentando em me fazer sentir assim em apenas alguns momentos, você quis que eu crescesse mais rápido né, Dedê?!
Mas para isso, você tinha mesmo que partir?!
Por muitas vezes, na minha infantil ingenuidade, acreditei que eu estava apenas vivendo um pesadelo do qual, por algum motivo, não estava conseguindo acordar... mas o tempo foi passando e tudo permanecia igual.
Então, para aliviar a saudade, comecei a imaginar que você tinha feito uma longa viagem e que, há qualquer momento, eu o veria entrando pela porta de vidro daqui de casa, já que a chave continuava sendo a mesma (talvez na esperança do seu regresso!)...
E mais uma vez o tempo passou... o tempo passou e não vi você chegar!
Muitas vezes, como agora, fico pensando em como seria a nossa vida se você ainda estivesse entre nós... será que já estaria casado? E o seu haras, será que o haveria construído? E os filhos... será que você já seria pai?
São perguntas, Dê, que eu jamais saberei a resposta... mas ficar pensando nisso antes de dormir, me faz sentir mais próxima de você... então, saiba que já criei mais de 1001 futuros para nós!
E por falar em futuro, lembra-se dos nossos planos? Da minha valsa de 15 anos, da minha medalha por boas notas que você me daria quando eu completasse os meus estudos? Lembra-se quando me disse que me ensinaria a andar a cavalo? Se lembra também de quando eu dizia que quando crescesse seria médica? Ainda se lembra, Dê, que você disse que eu ia ficar linda de branco? Áh... você se lembra de quantas vezes me disse que ia ser um irmão ciumento e que não iria me deixar namorar?
(risos)
De todos os nossos planos, Dê, apenas um não se concretizou... afinal, não teria graça vestir aquele vestido cor-de-rosa, pentear o meu cabelo cacheado ‘de lado’ e não dançar a valsa com você também!
Já a medalha que me prometeu, recebi pelas mãos da diretora do Colégio.
Se eu sei andar a cavalo?!
É claro que eu sei! Não sou uma amazona, mas ainda tenho tempo para me aperfeiçoar!
Bom, quanto ao meu vestibular, consegui passar em medicina, já me visto de branco, e modéstia à parte, sou uma das melhores alunas da sala! Sei também que se você estivesse aqui, se orgulharia de mim!
E quanto ao ciúmes, pode se acortumar! Porque eu não pretendo ficar para titia! (Risos!)
Certa vez, que não sei ao certo quando foi, Gandhi disse: “O que quer que você faça em sua vida será insignificante, mas é muito importante que você o faça.”
Eu concordo com ele... O que quer que façamos em nossas vidas pode até ser insignificante, mas é muito importante que o façamos... e sabe porque, Dê? Porque ninguém mais o fará!
Só depois de muito tempo pude ver o quanto você realizou em nossas vidas. Marcas que pertencem a você e que ninguém, jamais, conseguirá imitar!
Esteja certo de que as impressões digitais que você deixou nas vidas em que tocou, não se esvaíram... ainda permanecem todas intactas!
Dê, Mamãe me perguntou o que eu diria se soubesse que você pudia me ouvir...
Agora eu sei:
- Eu te amo muito... e... Meu Deus! Como sinto a sua falta...
Saiba... não esqueço você nem por um segundo sequer... e onde quer que eu vá, sempre o levarei comigo... SEMPRE!

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