Atire a primeira pedra aquele que
nunca sentiu medo. Ou quem nunca teve a sua fala estrangulada por esse misto de
insegurança e impotência.
O medo é intrínseco à vida humana
e nós o percebemos no momento em que alcançamos o nosso limite.
Acredite, há sempre uma expressão
do medo no ponto final de uma linha.
Não adquiri este aprendizado dos
inúmeros livros que já li. Aprendi na prática, experimentando em minha própria
pele a força que tem esse sentimento.
Sentir medo me apavora; muito provavelmente porque ele
representa para mim um sinal de fraqueza. E se há uma coisa que me tira do
sério é sentir-me frágil.
Não sou daquelas que se sentem confortáveis ao admitir a sua
pequenez diante da vida; muito menos quando sinto a vida grande demais para
caber em meu coração.
Sou limitada e tenho que admitir: tenho em mim diversos
receios.
Temo o amanhã, o futuro, as pessoas e às vezes, temo até a
mim mesma.
Me incomoda muito perceber a minha fragilidade, mas me
incomoda muito mais saber que não tenho para onde correr. Afinal, o medo é o
que chamam de universal.
É por isso que às vezes me perco ao enfrentar certas situações,
ao cruzar qualquer nova fronteira, ao tentar recomeçar de um novo ponto de
partida.
Ainda não sei se isso é ou não um problema.
Alguns especialistas dizem
que o medo integra o nosso processo de sobrevivência. Sobrevivemos porque
enquanto temerosos, aprendemos a ter cautela. Acredito que a questão encontra-se
na transformação dos nossos medos em obstáculos; quando eles passam a impedir a
nossa realização, quando se tornam maiores que nós.
É importante conhecermos e respeitarmos os nossos limites.
Todavia, isso não significa que não existem outras alternativas que nos
conduzam a um mesmo objetivo.
Por fim, tenho percebido que é essencial não nos
desesperarmos, não perdermos o controle, as rédeas. Nossa vida deve e tem que
ser regida por nós mesmos.
Há uma linha tênue entre o poder construtivo e o nocivo que o
medo pode exercer em nossas vidas; contudo, está em nossas mãos optar por não
ir além ou chegar muito mais longe do que imaginávamos que seríamos capazes.
Eu já fiz a minha escolha.