Enquanto a vida corre lá fora, aqui estou eu tentando entender porque o improvável insiste sempre em acontecer.
Alheia a todas as opiniões, pergunto a mim mesma qual o propósito de tantas surpresas. Seria provar que não somos donos do nosso próprio destino?
Talvez.
Mas acredito que há algo mais. Algo tão sutil que ainda não consegui perceber.
Qual a razão de tantas mudanças? Qual a razão desses encontros tão imprevisíveis?
O que eu ainda não consigo enxergar?
Em nenhum momento da minha vida acreditei no que chamam de acaso. Com este, ando sempre de olhos bem abertos.
O acaso não passa de uma desculpa para trazer o inesperado à nossas vidas, sem que haja a preocupação de trazer consigo uma explicação. Mas esse vazio não me satisfaz... não preenche a lacuna que ainda existe em mim.
Certa vez me perguntaram se eu acreditava em anjos, respondi prontamente que sim. Mas com o passar dos dias, com as experiências vividas acabei esmigalhando essa certeza e deixando seus pedaços pelo caminho.
Pobre de mim, pensei. Sem anjos, sem destino, sem acaso.
E enquanto eu me perdia, havia alguém que, mesmo sem saber, catava os pedaços de “não sei o que” deixados para trás. Catava e guardava em si. Construía em sua alma o que eu acabara de destruir.
E guardou. Talvez por dias, meses, anos. Guardou até o nosso próximo encontro.
E quando me avistou ao longe na estrada em que caminhava, fez de tudo para chamar minha atenção. Foi então que uma leve brisa desarrumou os meus cabelos e me fez olhar para trás; lá estava, acenando e pedindo por um segundo de atenção.
Aproximou-se tímida e vagarosamente. Estava tão cansado e calejado da caminhada quanto eu. Parou, respirou fundo, como se fosse a primeira vez, e disse:
- Tenho comigo algo que lhe pertence.
E estendendo as mãos me ofereceu algo que eu não mais reconhecia.
- O que é isso? – perguntei.
- É a alma que você deixou para trás. Quando a encontrei estava em pedaços, mas fui até o fim do mundo para achar o último deles. E aqui está, inteira novamente.
- O senhor está enganado. Eu não perdi a minha alma.
- Mas então... – tentou entender o que se passava.
- Esta alma é sua.
- Como sabe? Acaso conseguiu entrar e conhecer a minha alma?
- “Eu nunca entrei na sua alma. Eu entrei na minha e a sua estava lá.”**
Era tanta esperança, tanta confiança, tanto desejo... ele pensou, pensou, pensou, e decidiu guardá-la em seu coração. Mas aquele coração que era grande, tornou-se pequeno demais para aquela alma.
Então, ao me ver partir, teve uma idéia.
Decidiu dividir sua alma ao meio. Uma das metades guardou folgadamente consigo; a outra, me entregou como um gesto de agradecimento.
E ao guardar comigo a metade da sua alma tive certeza de ela também tinha asas.
Se me perguntarem hoje se acredito em anjos, direi: não só acredito, como tenho o meu!
E ainda bem que ele me encontrou...
Alheia a todas as opiniões, pergunto a mim mesma qual o propósito de tantas surpresas. Seria provar que não somos donos do nosso próprio destino?
Talvez.
Mas acredito que há algo mais. Algo tão sutil que ainda não consegui perceber.
Qual a razão de tantas mudanças? Qual a razão desses encontros tão imprevisíveis?
O que eu ainda não consigo enxergar?
Em nenhum momento da minha vida acreditei no que chamam de acaso. Com este, ando sempre de olhos bem abertos.
O acaso não passa de uma desculpa para trazer o inesperado à nossas vidas, sem que haja a preocupação de trazer consigo uma explicação. Mas esse vazio não me satisfaz... não preenche a lacuna que ainda existe em mim.
Certa vez me perguntaram se eu acreditava em anjos, respondi prontamente que sim. Mas com o passar dos dias, com as experiências vividas acabei esmigalhando essa certeza e deixando seus pedaços pelo caminho.
Pobre de mim, pensei. Sem anjos, sem destino, sem acaso.
E enquanto eu me perdia, havia alguém que, mesmo sem saber, catava os pedaços de “não sei o que” deixados para trás. Catava e guardava em si. Construía em sua alma o que eu acabara de destruir.
E guardou. Talvez por dias, meses, anos. Guardou até o nosso próximo encontro.
E quando me avistou ao longe na estrada em que caminhava, fez de tudo para chamar minha atenção. Foi então que uma leve brisa desarrumou os meus cabelos e me fez olhar para trás; lá estava, acenando e pedindo por um segundo de atenção.
Aproximou-se tímida e vagarosamente. Estava tão cansado e calejado da caminhada quanto eu. Parou, respirou fundo, como se fosse a primeira vez, e disse:
- Tenho comigo algo que lhe pertence.
E estendendo as mãos me ofereceu algo que eu não mais reconhecia.
- O que é isso? – perguntei.
- É a alma que você deixou para trás. Quando a encontrei estava em pedaços, mas fui até o fim do mundo para achar o último deles. E aqui está, inteira novamente.
- O senhor está enganado. Eu não perdi a minha alma.
- Mas então... – tentou entender o que se passava.
- Esta alma é sua.
- Como sabe? Acaso conseguiu entrar e conhecer a minha alma?
- “Eu nunca entrei na sua alma. Eu entrei na minha e a sua estava lá.”**
Era tanta esperança, tanta confiança, tanto desejo... ele pensou, pensou, pensou, e decidiu guardá-la em seu coração. Mas aquele coração que era grande, tornou-se pequeno demais para aquela alma.
Então, ao me ver partir, teve uma idéia.
Decidiu dividir sua alma ao meio. Uma das metades guardou folgadamente consigo; a outra, me entregou como um gesto de agradecimento.
E ao guardar comigo a metade da sua alma tive certeza de ela também tinha asas.
Se me perguntarem hoje se acredito em anjos, direi: não só acredito, como tenho o meu!
E ainda bem que ele me encontrou...
(**Frase adaptada do autor Rubem Alves)
Finalmente vou conseguir postar um comentário.
ResponderExcluirAdorei essa história. Fico impressionado como consegue tantas palavras. Adorei =)
Finalmente você por aqui, Rafa! :)
ResponderExcluirObrigada pela visita e volte sempre tá?!
Beijinhos!
Olha Bru, esse texto é de uma sensibilidade ímpar. Parabéns pelo seu vocabulário tão abrangente, você conseguiu transmitir cada pedaço desse texto com tamanha conviccção que visualizei essa história aqui. Talento digno de um escritor e, afinal, Minas os produziu em profusão. Beijos bandeirantes a vc !
ResponderExcluirObrigada, Dandan! É uma honra ter um comentário seu aqui!
ResponderExcluirBeijos mineiros para você!
Rubem Alves arrasa, você arrasa, e vocês juntos fazem um show. Fiquei impressionada com a sua capacidade e sensibilidade de desenvolver um texto tão bonito através de uma frase que se mostra tão simples, mas que guarda tanto de nós.
ResponderExcluir“Eu nunca entrei na sua alma. Eu entrei na minha e a sua estava lá.” - Você nunca entra na minha alma, entra na sua, e a minha, sempre está escondida lá...
buh... q lindo!!!
ResponderExcluirq bom poder ser amiga d alguém com tantas palavras lindas para serem compartilhadas!!!
bjos!
Muito obrigada, Lice, por ser sempre uma fiel acompanhante do blog...
ResponderExcluirE, Kami, bom é ter a sua amizade e carinho!
Beijos